sábado, 31 de julho de 2010

A SOLIDÃO

O estado de solidão é um estádio permanente de agonia e de sofrimento, onde as pessoas se sentem à margem da sociedade, incompreendidas e isoladas dos demais. Solidão afecta o nosso físico e a nossa alma, deixando-nos doentes e severamente prejudicados. Por mais que combatam este seu estado de solidão e de se sentirem sozinhos e abandonados, é-lhes difícil falar nisso aos seus amigos e vizinhos, fazendo-os pessoas desgastadas psicologicamente, nutrindo um pavor por tudo o que as rodeia. Tanto faz estarem acompanhadas de uma multidão, e por mais que aspirem a contrariar esse seu estado de alma, não o conseguem, pois são pessoas que se entregam à sua má “sorte”. São pessoas infelizes e nada lhes altera esse estado de espírito mesmo que tentem conversar com outras pessoas, que dialoguem com elas, a sua pouca “fé” num estado diferenciado não as ajuda em nada. É confrangedor estar rodeado de pessoas e mesmo assim sentirem-se sozinhas e largadas ao abandono. Renunciam à partida qualquer cura pois o desamparo as deixa absolutamente sós. Afastam-se da convivência com as outras pessoas, pois têm um mau prenúncio sobre si próprias e isso as torna incomunicáveis e socialmente má vistas, pelos outros que não compreendem tamanho sofrimento e insociabilidade. São pessoas sem qualquer ânimo e nem mesmo os amigos as amparam, já que acham que esse é o seu direito e o dever que devem cumprir sem se queixarem, perante ninguém nem nada. Carpem as suas dores sozinhas e não raras as vezes choram sem saberem porquê ou porque o sabem de facto e não conseguem contrariar essa faculdade. Encontram desânimo em tudo e nada as alegra. De vez em quando largam um leve sorriso, pesando-lhes a consciência, por terem desrespeitado o seu âmago. No entanto são pessoas respeitáveis e respeitadoras e mesmo assim têm bons e sinceros amigos, que fazem questão de preservar com os seus bons sentimentos. São pessoas que nos entristecem a todos, os de boa índole e de carácter fortemente personalizado. Acanhadas falam muito pouco mas o que dizem contem verdades insofismáveis. Pessoas inteligentes tal facto as faz sofrer ainda mais, por reconhecerem a sua solidão, como um mal-estar que não entendem. A solidão é a destruição do sujeito em causa, consumido gradualmente física e psicologicamente. Não raras as vezes adoecem e entram em processos de auto flagelação, sofrendo de psicoses mais ou menos destrutivas. Quem sofre de solidão agoniza sozinho, mesmo que acompanhado por outras pessoas suas amigas, que não sabem o que fazer para inverter o sentido das coisas, tal como elas se encontram. Fortemente deprimidos entregam-se à solidão, que é o que reconhecem como algo de valorizado, o que os deixa, erradamente com o que lhes resta de coragem para fazerem o seu dia-a-dia, com um sentido de merecimento que eles puxam para si próprios para assim se sentirem menos culpados, por algo que não conseguem controlar e do qual não têm a culpa. A solidão é tristemente incompreendida e as suas qualidades passam despercebidas.

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