sexta-feira, 30 de julho de 2010

SONHOS ETERNOS

A claridade já anunciava um novo dia, para a renovação do trabalho da natureza.

Aquele lago se apresentava calmo e sereno ao receber os primeiros raios de sol e aquela moça olhava sua imagem refletida na água. Sem que ela percebesse me aproximei e fiquei a admirar seu gesto delicado, como se naquele ato ela quisesse decifrar uma grande interrogação da vida. O tempo foi passando e com ele à claridade já se fazia presente, quando ela se virou e percebeu minha presença. Eu quis pronunciar pelo menos um bom dia, mas minha voz não saiu. Eu ficara mudo e perplexo, ao mesmo tempo admirado diante de tanta beleza. Os olhos daquela moça mais pareciam uma esmeralda lapidada pela mão delicada do artista. Seu rosto tinha a cor do absinto encimado pela opalina e seus cabelos em tamanho médio brilhavam como a luz do sol. Bom dia moço disse-me ela com uma voz calma e sonora. Bom dia moça, respondi-lhe. Faz tempo que você está aí a me observar? Sim, respondi-lhe. Já faz algum tempo que eu estou a admirar seu gesto e a me perguntar o porquê, mas agora, neste momento, eu tive a resposta. E qual foi a resposta, indagou-me. Diante de tanta beleza, respondi-lhe, certamente até você mesma ao contemplar sua imagem refletida nesse lago, quereria decifrar o enigma que cerca sua formosura. Um sorriso angelical desenhou-se na face enrubescida daquela moça. Desculpe, eu me chamo Aloé. Encantado Aloé, eu sou o Ed. Somente Ed? Sim, somente Ed, respondi-lhe sorrindo. Seu nome é originário da Índia, disse-lhe. Sim, meu bisavô era industão e minha avó egípcia. Aí está a minha resposta então, disse-lhe. Resposta do que moço? Da sua beleza, do seu semblante angelical e lhe digo mais, se Leonardo Da Vinci ainda existisse neste mundo, eu diria que foi você a inspiração de sua famosa Monalisa.

Aquele diálogo se prolongou por mais ou menos uma hora. Trocamos números de nossos telefones e nos falamos por muitos dias antes do nosso próximo encontro.

Toda vez que saíamos juntos, éramos cercados de olhares admiradores, certamente por causa da beleza de Aloé. Uma amizade muito linda nasceu do nosso conhecimento inesperado, nada fazíamos sem que o outro não soubesse. Era o amor que nos cercava de surpresas, cada uma mais linda que a outra.

Um romance muito lindo se iniciava entre nós. A felicidade se nos apresentava a cada olhar, a cada passo que dávamos juntos, a alegria parecia nos cercar de flores.

Aloé era aeromoça de uma famosa empresa aérea. Certo dia a felicidade me presenteou com a maior alegria de minha vida, quando ouvi de Aloé a frase inesperada: Eu estou grávida amor, você vai ser papai! Tentei falar alguma coisa, mas a voz se recusava a sair, tamanha era minha felicidade. Repita por favor, para eu ter certeza que não estou sonhando. Sim, você vai ser papai, eu estou grávida. Daquele momento em diante a felicidade parecia me abraçar todos os dias. Fazíamos planos para nosso casamento, enquanto eu a cercava de flores e mimos.

Certo dia minha felicidade pareceu inverter-se com a notícia que me davam, de um acidente aéreo, em cujo vôo Aloé se encontrava. Era o fim para mim. A terra não existia mais sob meus pés. Os sonhos mais lindos de duas almas terminavam ali. Eram os sonhos que a felicidade nos dera, mas que se esquecera de realiza-los. Foram sonhos de minha juventude, que me custou muito sonha-los mas que jamais se realizaram. Sonhos que foram para a eternidade com Aloé, mas que serão sempre sonhos eternos, sonhados por dois jovens corações.

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