Caminha ao meu lado a silenciosa sombra,
imitando cada gesto frio e corrido,
sem direção, como água desce a pele lisa.
Minha sombra tem braços grandes, longos,
cabeça e tronco, como eu algum dia,
às vezes parado no meio de algum nada.
Sou marionete dos meus poucos atos,
escravo de uma pequena macha escura
que corre inquieta um chão frio e sujo.
Minha sombra é um imenso vazio,
ansiosa por movimentos nobres,
uma cor ou um gesto independente.
Caminho alheio aos seus desejos,
deixo que o sol doure minha pele branca,
e nela, nenhuma luz, apenas mancha.
Que nenhum escuro invada meu peito,
que todas as luzes me provoquem amor,
preciso do reflexo e a luz d’outras vidas.
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