sexta-feira, 9 de julho de 2010

ATÉ SEMPRE JOSÉ

Sinto-me só e abandonado
a cultura perde um de seus grandes
vultos e eu não tenho como mudar
isso, senão resignar-me às evidências.

Pessoas que se dizem crentes de Deus
e cultas aproveitaram a morte de alguém
para dizer as maiores burrices e para
achincalhar o bom nome de José Saramago.

Chamaram-no de inócuo e de mentiroso
isto a alguém que estava no leito de sua
morte, com direito a ser respeitado por
todos os quadrantes da sociedade.

Hoje sinto-me só e abandonado
porque a lusa pátria ficou mais pobre
e não há nada que possa mudar isso
senão levantarmos nosso punho em
solidariedade.

Vieram os mais sentidos pesares das altas
esferas mundiais, só na sua terra José é
malfadado e gozado, com a maior das
baixezas a que assisti até agora.

Escarraram na cara do talentoso escritor
disseram que ele merece dó, nem dos
animais se deve ter dó, pois são ismos
que se dão aos pobres desgraçados, humanos
como nós.

Parte de mim morreu com a morte do grande
Escritor, que nos deixou perfeitamente lúcido
e a trabalhar num novo livro que não verá a luz
do dia por não ter seu pai para conclui-la.

Hoje sinto-me mais triste e só
e não fora as minhas letras possivelmente
definharia, num choro compulsivo
por tão grande perda para todo o Universo
cultural.

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