sexta-feira, 23 de julho de 2010

CRIANÇAS SEM INFÂNCIA

Dou por bem gasta
minha saliva
o verso realista
dos que sofrem na pele
a atrocidade da fome.

Dou por bem escritos
meus versos
quando apelam
à boa nutrição dos
que não têm o que comer.

Dou por acerto
meu poema
quando chama à realidade
realidade tão atroz
quando o seu fundamento é a fome.

No focinho da palavra
revejo meus versos
implorando
que olhem para as crianças
com olhos de ver.

Meu lamento é maior
quando não fazem causa
dos tormentos das
crianças que imploram
por um minuto de atenção.

Não durmo não como
porque meu organismo
não consente
e minha inteligência é
afrontada com a falta de pão.

Que as crianças sejam
protegidas do arrivismo
do Homem contra
os senhores da guerra
que levam os petizes à fome.

Para os terem de seu lado
crianças guerrilheiras
que não sabem da inocência
nem de sonhos
e uma cova é a sua casa.

Para quando esta falta
de impunidade dos senhores
dos países ricos
que fazem olhos mortos
ao que se passa ao seu redor.

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