quinta-feira, 8 de julho de 2010

UMA ALMA FLOR

Era uma manhã de dezembro, não me lembro exatamente o dia, recordo-me que estávamos próximo do natal. O dia amanheceu lindo anunciando a proximidade das festas natalinas. Os passarinhos ensaiavam a sinfonia de seu canto matinal, enquanto se via a alegria das frondosas árvores, nos seus alegres balançar. Lembrei-me que precisava visitar um casal de amigos que morava em um sítio, não muito longe da cidade. Abasteci meu veículo e parti. Fiz o caminho de costume, porque era uma estrada asfaltada. Logo cheguei à residência, sendo recebido com alegria. Que grata surpresa, espero que como sempre, a felicidade esteja lhe acompanhando, disse-me o casal. Entre, sente-se e nos conte as boas novas. Foi o que fiz, entrei e me acomodei em um sofá. E então, quais são as novas e o que nos traz de bom, interrogou-me o casal de amigos. Como de costume, em tom brincalhão, respondi-lhe exclamando: De novo só a data. Como assim, qual data? A data de hoje homem, todo dia tem uma data nova, então essa é sempre uma novidade, respondi-lhe sorrindo. Agora o que eu trago de bom! Bem, isso é especial, pois lhes trago minha alegria e minha felicidade em estar aqui com vocês. Já passava das onze horas da manhã. Apesar da insistência para que eu ficasse para o almoço, não aceitei, agradeci, despedi-me e parti, pois tinha outros deveres a cumprir. Resolvi retornar por outra estrada, essa era de chão batido, com muita poeira levantada pelos veículos em trânsito. Ao longe avistei uma casa de beira de estrada. Algo muito lindo me chamou a atenção, era um jardim florido e muito bem cuidado. Parei o veículo e estacionei. Bati palmas, saindo do interior daquela humilde residência um casal de idosos. Oi, eu sou o Ed, muito prazer. O prazer é nosso, senhor. Espere, eu vou lhe buscar um copo de água, pois o senhor deve estar com muita sede. Realmente, respondi-lhe, eu estava com muita sede, mas a visão do seu jardim já me saciou o coração. Como assim! Exclamou com surpresa. Nós nunca vimos ninguém saciar a sede vendo um jardim e muito menos um coração com sede! Como resposta, sorri-lhe. As flores daquele jardim eram lindas, algumas desabrochadas e outras aguardando à hora para abrirem-se. Quem cuida desse jardim são vocês? Sim, somos nós. Cuidamos dele com muito amor, pois é de nossa filha, foi ela quem o fez, plantando todas as mudinhas dessas flores. Parabéns, disse-lhes, a filha de vocês tem uma linda alma e um belo coração, pois se assim não fosse, mesmo com todo zelo de vocês, esse jardim jamais seria tão lindo assim. Vocês devem, com certeza, amar muito essa filha não é mesmo? Sim, responderam-me. Nós a amamos desde antes dela nascer e depois que ela partiu. Agora nós a amamos muito mais. Entendo, disse-lhes. Ela está em algum colégio distante? Se estiver, não fiquem tristes, certamente como estamos próximo do natal, ela virá visitá-los. O casal se olhou com um ar de tristeza, sem nada responder. Onde está essa filha querida de vocês, perguntei-lhes acrescentando, quando ela chegar, dê-lhe meus parabéns pelo belo jardim. O casal de velhinhos olhou para mim com os olhos visivelmente umedecidos pelas lágrimas, fazendo um gesto com a cabeça e olhando para o céu. Pra lá, ela foi pra lá, amanhã irá fazer cinco anos que ela se foi. Antes de ir, nos pediu para cuidarmos do seu jardim. Só então entendi onde estava aquela alma tão linda. Baixei a cabeça e deixei que uma lágrima escorresse em minha face. O Senhor me daria uma dessas rosas? Claro, quantas o senhor quiser. Colhi uma linda rosa e disse-lhe: Meu presente para sua filha, uma rosa que vive entre tantas rosas, lhes entregando aquela aromática flor, amanhã ela virá lhes visitar, não tenham dúvidas. Despedi-me daquele casal de velhinhos, levando comigo a mais bela visão de um jardim florido, onde desabrochou e murchou uma linda flor, para renascer na eternidade do amor.

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