Com toda certeza o tempo passou e eu não vi, aliás, a bem da verdade, ninguém vê o tempo passar. Mas, certamente, eu não parei no tempo. O que me deixa uma imensa interrogação é não saber por que eu não envelheci, mas me surpreendi com o aspecto do tempo decorrido.
Eu cresci e parece que, com o tempo passando, eu não parei de crescer. Eu não tenho dúvida de que o tempo me fez crescer, sim crescer na observação mais detalhada da vida, e nessa circunstância minha visão expandiu-se além da minha compreensão.
O tempo não só me fez crescer, como também me impulsionou para um degrau mais alto do entendimento e da compreensão. Eis que antes eu não entendia nem compreendia determinadas fases da vida. Eu não observava tanto os valores abstratos quanto o faço hoje, me preocupava mais com o sólido, com o visível material.
Revendo algumas fases de minha vida, observei que eu vivi mais na dúvida do que na certeza, eu ouvi mais o coração do que a razão, e eu me apeguei mais as ilusões do que ao amor.
Eu observei que o tempo me fez crescer sem envelhecer-me, quando vi que os valores das virtudes são tão ricos quanto às bem-aventuranças e mais valiosos que as riquezas materiais.
Eu cresci com o tempo sem envelhecer, quando compreendi que a ciência desagregada da fé, não tem valor, e que a religião deixa de ser religião para ser uma empresa, quando se apega mais aos valores materiais do que as riquezas espirituais, e ainda, que a verdadeira religião é aquela que busca religar o ser humano ao seu criador, fazendo-o entender que a ambição material o fez desligar-se de Deus.
E finalmente, o tempo me fez crescer ao invés de me fazer envelhecer, por que, enquanto muitos se depreciam dizendo, o tempo passou, a idade chegou e eu envelheci, enquanto eu teimo em dizer:
Com o tempo que já passou eu renasci, eu cresci e minhas células se recriaram, e eu rejuvenesci.
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