sábado, 14 de agosto de 2010

TRAVO AMARGO

Cigarro após cigarro travo o
fundo amargo do tabaco.

Cinzeiro cheio diz de minha
ânsia sem precedentes.

E o sabor do café morre
maduro no meu palato.

Por certo procuro algum
bem estar, que não vem.

Na rua as pessoas passam
indiferentes a tudo isto

e eu me conformo diante
do espelho obtuso.

Não é o que eu queria mas
é o que tenho e vejo-me

limitado ao sonho precoce
que nunca é como eu desejo.

Acendo outro cigarro e bebo
um gole de café frio entretanto.

Tento fazer um poema mas
as palavras fogem-me

e eu não consigo seguir seu
raciocínio lógico e prudente.

É certo que este calor que
resolveu aparecer

não veio fora de horas e eu
que detesto o cheiro do suor.

Sou prepotente quando
penso que isto só acontece a mim.

Mas eu não queria nem um único
cigarro, que me mata lentamente.

Sou sobrevivente e não deixo
meu destino por mãos alheias.

Vou-me embora a poesia já
disse o que queria.

Só eu não sei se disse o que
gostaria de ter dito.

Enfim eu não sou perfeito
terão de se haver com o que escrevi.

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