segunda-feira, 2 de julho de 2007

DESASSOSSEGO PASSOU POR AQUI

Por aqui, só a danada da paixão
que insiste em criar redemoinhos,
semear ventanias e disseminar poesia.
E sempre, sempre, acompanhada
de tremor nas pernas, suor nas mãos
e lágrima indecisa no canto dos olhos.
Tanto destrambelhamento,
por conta de um coração descuidado
que vive a trilhar caminhos estranhos,
que cisma em deixar aberta a janela,
que se recusa a afastar-se da magia
e teima em se embaraçar nas teias
que a vida costuma engendrar.
E isso tudo sem abrir mão das lembranças...
Pele macia, seios fartos,
vinho branco e licoroso nos lábios,
vinho tinto e rascante na mente.
E o teu cheiro, ainda o sinto, em meus dedos,
e o teu perfume, ainda domina o ambiente,
e a tua imagem ainda assombra os meus sonhos:
suor correndo entre os seios,
e em cada seio eu me acabo,
e brinco atrevido em teu colo,
e em teus lábios, ambos, me atrevo...
Saliva trocada embriaga, atiça, sacia, vicia.
Tuas pernas teimam e, permanecem enlaçadas
às minhas trêmulas pernas, coitadas!
E as sardas? Quantas... Tantas... Doce tormento!
Olhos nos olhos, eu confesso:
nada mudou por aqui.
Ainda és a dona dos meus versos
e por mais que eu tente, não consigo
encontrar um antídoto, um remédio
que cure a paixão descabida
que queima por dentro o poeta,
que colheu em teu corpo um adágio:
DESASSOSSEGO PASSOU POR AQUI!

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