E se não existisse o amor verdadeiro, primeiro,
aquele que arrebata, jamais se desata,
e altaneiro, feito o mais alto dos pinheiros,
deságua cristalinamente na mansuetude das cascatas,
que fluem das corredeiras (feito cintilantes estrelas,,
que no horizonte altivolitam veementes),
e se adentram pelas pedras, criando vertentes,
como se o que fosse e de vero e coerente,
seja o fato de se entregar cabalmente,
quando plenas, as almas se afinizam e se dão?
E se não houvesse o beijo?
O que faríamos com esse imenso desejo,
que alado adeja em nosso coração?
Como seriam nossos corpos, se não nos déssemos
em pungência, em entrega, em calor?
O que seria do amor?
Talvez um resquício bem sucedido,
de algo que se fez, se criou,
mas num processo meio trôpego,
absconso, entre as estepes ficou meio que perdido,
e aturdido, fixou-se e se estagnou...
O que seria enfim se o fim do objetivo,
não fosse a constituição e a definição de corpos unos?
Talvez fossemos uma aglomerada massa,
que amalgamasse sonhos, mas não os realizasse no coletivo.
E aí o egoísmo dividiria raças, povos, credos,
como se esperança fosse apenas uma lembrança,
de algo que se passou, sem se fazer real motivo.
Feito brincadeira de criança que na dança,
sorriu, abriu-se, entregou-se, rodopiou.
Um trasgo de cor vivificada que fez-se fixada,
somente na mente de quem romanticamente sonhou...
Ai de nós, se não fosse esse divino sentimento...
Nós seríamos somente folhas outonais,
voantes, a se espargir por incertos momentos,
e faríamos da felicidade, perspontos sazonais,
que no fundo nos trariam a visão de um encantado mundo,
o qual não habitaríamos jamais...
Por isso, quando sinto teu corpo,
inserido no meu,
de forma definida, plasmada,
sinto-me solto,
feito o que se prometeu...
Sinto-me não apenas uma parcela do sonho,
mas sim a essência do que dele,
por inteiro sobrevive e sobreviveu...
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