Como se o caminhar improfícuo arraigado
ao que se faz finito,
tomasse conta de tua figura una...
Como se o pensamento surrupiado
por arestas cortantes, ecos de gritos,
fizesse-se em ti, verso triste que coaduna...
Passeias pela visagem escura
que de modo silencioso perdura,
pelos trilhos de um trem que se alonja
em viagem abrumada, acizalhada,
e tu, cabeça cimbrada,
procuras no solo que corre
- forma vertiginosa -
aquilo ao que acorres,
mas na verdade de forma acintosa
te fazes agregada ao nada, e foges,
como fogem as palavras,
ditas a esmo...
Sem ser-te, sem refletir-se,
e com a intensidade repetitiva do mesmo,
deixa de crescer, renascer, enfim repete-se...
O tentar desvencilhar-se das verdades
fazem com que formas levianas,
açambarquem tuas atitudes pseudo idôneas
e escandalasomente profanas,
façam-te gritar, modo surdo,
como o dizer mudo
de tanta coisa que necesária tem que ser dita
mas cujo o teor desliza,
pela aberta ferida,
que jamais se cicatriza:
a necessidade imensa de saber-te mais...
Não somente em carne
mas principalmente em alma.
A propósito quem agora viaja:
teu corpo denso
ou tua alma aflita,
cujo pensamento nu,
- que no teu senso se agita -
te tornas prisioneira?
Qual será de ti a parte
mais real, mais verdadeira?
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