Os espelhos que refletem nossos corpos,
sem calor e de ausência impregnados,
só confirmam as tristezas que gravamos
nas retinas do relógio do passado.
Não gosto de te ver, me dói a alma:
tanto amor que nos uniu foi esquecido.
E nós, a sós, todo o tempo por aqui,
a nos guardar neste vazio aborrecido.
Que foi feito da luz dos nossos olhos
que ofuscava até a luz dos dias?
Que caminhos tomaram nossas mãos
que hoje pendem sem sonhos e vazias?
De que boca beberam nossos lábios
se nossos beijos tiveram sempre um dono?
Onde guardar as ilusões se não existem
outros espaços neste tempo de abandono?
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