segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Espelho meu

Espelho meu, perdoa essa face imune
e ressentida; de olhos apagados...
o sorriso açoitado que me pune
é o veneno do medo desgraçado.



Tanta derrota e violência eu te mostrei
nessa vida que agora, só, tu choras,
e o reflexo nega à sombra que ora olha
o que te falta, me falta... já nem sei!



É tarde; não há luz ou porta aberta
e cá estamos, rascunhando a confissão
do opaco eu e eu, sigilo fosco que aperta
a garganta de quem provou a danação.



Espelho meu, o tempo escoa e nos condena
às vergonhas; portanto, rezar sem deus
encarando tu e eu, o nosso semblante ateu
devolvendo ao vidro feio o fim da cena.

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