sábado, 13 de dezembro de 2008

Minha desavença com Papai Noel

Tenho com ele antiga desavença,
Quando pisoteou a minha crença,
Pois um sorriso triste em mim plantou.
Já desisti de contas acertar
Porém se o vejo, estou a me lembrar:
- Papai Noel, você já me frustrou!

E foram tantas vezes pela vida
Que o deixei, confesso, sem guarida,
No coração, cansado de esperar.
Cheguei até a pensar, quando cresci
Que o Papai Noel morava aqui
E que era lá em Brasília o seu lugar.

Porque de tanto ouvir tanta promessa
Fui me tornando só uma ré confessa
Do meu repúdio por Papai Noel.
Só o perdoei, quando revi a questão
Porque hoje sei, ele é só uma ilusão
Quebrar promessa não é seu labéu.

A primeira esperança que morreu,
Era um secreto dele e também meu
Quando eu ainda era pequenina
E andava pelas ruas sem sapato,
Mas não achava o meu destino ingrato
Na minha ingenuidade de menina.

Eu só queria a minha bicicleta...
Achei que precisava porta aberta
Para ele vir e me entregar a prenda.
Por isso eu levantava sorrateira,
E o esperava pela noite inteira,
Mas nunca recebi a encomenda...

O tempo foi passando e eu também...
Mas eu sonhei (Meu Deus!), como ninguém!
Com um amor grande desses de cinema,
E recorri a você, Papai Noel,
Achando que era esse o seu papel
Que estava resolvido o meu dilema.

Você nunca me disse, não poder...
Deixou-me na sacada, sempre a crer,
E o que ganhei foi muito sofrimento.
Rasguei meu coração nessa missão
Não nego que perdi toda a ilusão
Amor que é bom, sequer tive um momento.

Papai Noel, decreto sua falência!
Pois esgotou-se a minha paciência,
E como descobri que sou cigana,
A minha irreverência me assaltou
E uma praga cruel lhe devotou,
Com os poderes desta minha gana.

Por isso anda pelo mundo ao léu
Com o seu saco enorme de aluguel
Cada vez mais pesado e torturante.
E da janela eu o vejo passar,
E eu fico aqui, contente a gargalhar!
Se quer que eu pare, me traga um amante!

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