sábado, 13 de dezembro de 2008

QUASE...

Quase que tu morres, esperança,
quando vi morrer na esquina um trabalhador,
num assalto que ceifou a sua vida e o
filho desesperado em sua dor!

Não bastasse, num outro canto, um refém,
sobre a mira de um revólver, desesperado!
Um grito e lá dentro morria alguém,
sem culpa de tê-lo trancafiado...

Corre um rio, abarrotado
de sofás, entulhos e cadáveres animais!
O mal cheiro é o bafo dele,
sucumbindo aos temporais...

Grita a lenha na floresta,
queimada que clareia no horizonte ...
Rios secando entre as pedras e
água morrendo lá na fonte!

Quase que morres, esperança,
quando vi as redes de arrastões,
trazendo cardumes inteiros de um mar choroso,
com toneladas de salmões...

Quase, quase...
Com aquele idoso levado ao asilo!
Até natural se fosse por um qualquer,
não pelas mãos do próprio filho!

O enfermeiro que agride o doente,
flagrado pelas câmaras escondidas!
A babá que machuca um inocente,
que mal conhece esta vida...

Quase, por pouco...
Quando vi um filho matar a mãe
e um pai matar um filho!
Jogar-se um endividado desesperado,
sobre trilhos!

A fome gemia na mesa
de uma família inteira, judiação !
Com Nossa Senhora na cama pobre,
de cabeceira?
Sem arroz, sem feijão!

Quase que tu morres, esperança!
Não fosse lembrar de Jesus de Nazaré
e olhar ali, bem ao meu lado,
a igreja chamando um homem de fé!

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