sábado, 20 de dezembro de 2008

MÃOS DE PEDRA

Como pedras de mármore,
desintegrando-se, em pedaços tiranizados,
uma por uma caem no chão,
restos de mãos, que deixaram de ter,
porque existir ou acreditar.


Vem de há muito, que essas mãos,
desfazendo-se gradualmente,
desviaram-se de todos os valores comuns,
a uma sociedade, por falta de humildade
ou caminhos mal escolhidos.


Nada nos diz, que errar, não têm conciliação,
e, que, não podemos, devolver toda a
dignidade, ao nosso corpo, ainda que estas
frágeis mãos, dedo por dedo, teimem em
desagregar-se, como enraizado martírio.


Porque mãos, que trabalham a terra,
que cumprimentam, amigos e vizinhos, e,
lhes reservam respeito, sempre serão firmes
e nunca estarão sós, porque a palma de
outras mãos, se lhes estenderá, em socorro.


Figura abstracta, depara-se ante meus olhos,
com uma mão de pedra, fixando-se
na minha retina, numa súplica, que não posso
ignorar, e, oferecendo-lhe a minha mão,
calejada e sofrida, segurando-a, trago-a até mim.


Noto que há uma certa resistência, e, sangue,
escorre de minha mão, ferida pelo mármore,
ao tentar trazer à vida, os pedaços, que teimam
em não se agregar, num medo compreensível,
de um novo recomeço, mãos com mãos.

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