domingo, 24 de junho de 2007

NEM SEMPRE...

Nem sempre poesia, muitas vezes heresia,
enredo que não pode ser desfeito,
tramas, teias, dramas, grito espremido no peito,
histórias que o tempo fez questão de preservar.

Nem sempre são rosas, muitas vezes espinhos,
outras vezes são cortes, fraturas, entorses,
sangue coagulado, cicatrizes que ainda doem,
feridas que o tempo não foi capaz de curar.

Nem sempre fragrâncias, muitas vezes odores,
coisas cheirando a mofo, amareladas, apodrecidas,
resto de comida esquecida no forno,
coisas que o tempo não deu conta de dissipar.

Nem sempre vitórias, muitas vezes derrotas,
descaminhos, estranhos, sem volta,
andar desequilibrado pela beira do abismo,
escolhas que o tempo deixou você tomar.

Nem sempre o poeta que existe em mim agüenta,
muitas vezes ele se ausenta, viaja nas funduras,
macera dores, nostalgias, amarguras
e depois de algum tempo voltar a sonhar.

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