Goteja o tom mais anil dos poros cansados de suor,
lava o peito da tristeza que assola, afague a solidão
com os olhos que ora me olha, erga-se noutro chão,
não seja a restinga fustigada pela falta de um amor.
O mundo é tão azul e soberano, veja a dúbia fachada,
olhe em volta de si, dispa a pele da serpe que te cobre;
sabe-se lá, verá que nem todos tem um coração pobre
despistando-se nos buracos enfadonhos ou vis ciladas.
Cobre o logro à face da vergonha, liga e pele em capuz,
tão sujo feito esta alma promíscua em cerne de marfim,
vestindo a vida d’outra vida. Que respostas há em mim?
Em minha noite órfã de estrelas o teu olhar jaz sem luz!
Pobre de ti senhora de cobre, sem vida e sem ninguém,
buscando horizontes em manuscritos ouvindo um fado.
Eu também tenho dó, ó piedade à senhora sem legado,
deixo-te a deixa que procura... congratulação. Alguém!
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