Às vezes eu me questiono se o tempo passa
(apesar de todas as minhas negativas sobre isso)
nesses ímpares instantes, eu sempre me pergunto:
onde estão?...
Onde estão aquelas manhãs de inverno
em que apesar do frio e dos pés descalços
apesar das roupas tão usadas, o casaco puído
eu era tão feliz e corria contente pelas calçadas?
Onde estão as avenidas forradas de flor de ipê
que eu pisava em círculos para sentir a maciez
e a alma se encantava, como se não houvesse mais nada
além daquele tesouro... o deslumbrante tapete amarelo!?
Onde estão as rosas daquele jardim, as árvores
as cercas vivas tão bem podadas, o coreto, o chafariz...
depois a fonte luminosa, quase sempre estragada
todo mundo reclamava, e ninguém fazia nada...
Onde estão as festas de São João, a reza comprida
que levava uma vida e a gente não via a hora de acabar,
pra comer rosquinha de nata e tomar chá de cravo e canela...
ah!...lá vão anos que não vejo uma festa como aquela!
Onde estão meus anos dourados, que eu não sabia que eram
pensava que a vida seria sempre aquela, tão bela!
Onde estão as estradas tão ruins que levavam à cascata
onde os passarinhos faziam festa quando a gente passava?
Onde estão... eu não sei, não tem como saber...
Mas eu sei, eu insisto, o tempo não passa
somos nós, que irreversivelmente, passamos por ele
deixando o que foi bom para trás, e não se esquece jamais!
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