segunda-feira, 14 de junho de 2010

Por ti junto aos jardins

Por ti junto aos jardins cheios de flores novas
me doem os perfumes da primavera.
Esqueci o teu rosto, não me lembro de tuas mãos,
como beijavam os teus lábios?


Por ti amo as brancas estátuas
adormecidas nos parques,
as brancas estátuas que não têm voz nem olhar.
Esqueci tua voz, tua voz alegre,
me esqueci dos teus olhos.

Como uma flor a seu perfume,
estou atado à tua lembrança imprecisa.
Estou perto da dor como uma ferida,
se me tocas me farás
um dano irremediável.

Não me lembro mais do teu amor
e no entanto te adivinho
atrás de todas as janelas.

Por ti me doem os pesados perfumes do estio:
por ti volto a espreitar os signos
que precipitam os desejos,
as estrelas em fuga,
os objetos que caem.

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