sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Amanhã não existe

As pessoas não são eternas. Pelo menos não na vida terrena. Elas apenas passam, vivem o tempo que lhes é ofertado e retornam.

Ninguém pode acrescentar um segundo sequer à sua vida ou à de alguém. Não temos esse poder e quando a hora chega, ela chega.

Mas preferimos não pensar nisso. Julgamos que temos todo o tempo do mundo para fazer isso ou aquilo, para recuperar o perdido, para sarar o ferido e restabelecer a paz.

Amanhã eu ligo,

amanhã eu faço,

amanhã peço perdão,

amanhã me reconcilio,

amanhã...

como se pudéssemos segurar o amanhã nas nossas mãos!

Como se ele fosse chegar por nossa vontade e trazer tudo como ontem ou como hoje!

Amanhã?

Hoje é o amanhã de ontem e tudo continua na mesma, por que espera-se pelo amanhã.

Cada qual tem sua história e suas histórias.

Cada qual sua cruz e suas dores, suas alegrias, seus lamentos, seus dissabores, seus ganhos e perdas.

É o que nos forma como pessoas, que nos dá a impressão de existir, de fazer parte do universo.

E há, assim, como com milhares de outros, relacionamentos quebrados, porque um dia alguém feriu e foi ferido.

Quando isso acontece, construímos em volta do nosso coração um muro, uma barreira que o outro não pode atravessar.

Nos sentimos tão importantes com isso que nem percebemos que esse muro impede o outro de entrar, mas nos impede, a nós, de sair.

Nos tornamos prisioneiros, aprisionados das nossas idéias e nossas mágoas.

Não estendemos a mão e recusamos a do outro, caso nos estenda.

Enquanto isso, a vida continua.

Não damos, talvez para punir e não recebemos, como punição que nos infligimos a nós mesmos, inconscientemente.

Vamos deixar para amanhã para resolver isso, porque hoje estamos magoados demais, não conseguimos perdoar e não queremos dar o braço a torcer, afinal, não erramos.

E eu diria, como Cristo, quem nunca errou, que atire a primeira pedra!

Amanhã não existe.

O amanhã, só o conhecemos quando o sol nasce e que o Senhor nos dá aquele dia a mais.

E todo mundo não chega lá.

Não podemos afirmar que estaremos ainda aqui, porque a vida é imprevisível, às vezes temos o sentimento que é mesmo cruel.

Se o hoje nos é ofertado, por que não viver sem grades e sem muros, em comunhão com o mundo e com Deus?

O orgulho?

Olhe para ele de cara feia e diga: eu quero é ser feliz e se eu quero, eu vou ser feliz!

Muros nos impedem de abraçar, de sentir o calor ou as batidas do coração do outro.

Nos impedem de dar e de receber, nos transformam em pessoas separadas e isoladas.

Destrua, então, com coragem, dessa que só os grandes possuem, esse muro em volta do seu coração e volte a abraçar.

Perdoe, mesmo se perdão não foi solicitado, porque cada qual deve dar conta da sua vida a Deus e a outra pessoa responderá por si mesma.

Liberte-se , porque se o amanhã não vier para a outra pessoa, você terá que aprender a conviver com seu coração fechado e terá perdido os melhores anos da sua vida.

É preciso acolher o hoje com os braços abertos e olhos agradecidos, porque era o amanhã de ontem e que ainda estamos aqui.

E é preciso aproveitar esse instante para recolar os relacionamentos quebrados, pedir perdão, conceder perdão, apertar mãos, sentir o calor de um abraço de verdade, antes de saber se o amanhã vai chegar ou não.

Não podemos esperar o amanhã para consertar coisas, porque ele pode nunca chegar e teremos que caminhar mancos para o restante das nossas vidas.

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