segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A fome

Enquanto caminham levam seus pecados
no corpo sujo de outros iguais,
uma vontade de saber o porquê do desprezo,
homens que não descobriram o sentido da vida.


O sangue goteja em poros semi abertos,
nos pés pedras grandes,
a esperança, empecilhos que o prendem ao antes,
como olhos de crianças redondos como lua.


A orfandade não carece de pais e mães,
como animais soltos caminham sem desejos,
sem interromper gritos de festas absurdas nos palácios,
o coração bate fraco no peito fraco.


Enquanto houver fome haverá silêncio,
nem gritos estridentes em bocas sujas de promessas,
proprietários apenas de uma sombra desgovernada,
vez ou outra divida com o escuro da solidão.


Guardem seus ossos nos cofres de suas casas,
a verdade é uma mentira qualquer que contam,
caminham homens nus de prazer, de seu, a fome
e a morte cravada em dentes coloridos de nicotina.

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