quinta-feira, 5 de julho de 2007

num olhar

Num olhar...
O que passeia, o que se semeia,
através da retina/íris que se juntam,
para formar a visagem que permeia,
o que se faz pertinente mirar?

Num olhar...
Quantas desavenças, esperanças, crenças.
Quantos amares, dizeres, poetares, cantares...
Caminhos, trilhos, trilhas, e por vezes até ilhas,
que nos impelem a encontrar o mar...

Num olhar...
Brigas, intrigas, rusgas.
Visões intrusas,
que obtusas,
fazem com que o os corpos amados,
façam-se por instantes trôpegos, alanceados,
e lancem disparates, coisas sem nexo...
Mergulhos no desconexo...
Dedos em riste, coisas tristes,
enfim...

Num olhar...
O que se faz viajor,
por vezes é algo que se posta,
em tom maior...
Ou talvez o que se faz parador,
seja num segundo/instante,
algo que conjure o amor...
Mas no todo,
o que se assume,
quando a luz dos olhos teus,
clarejam os caminhos meus,
com toda a certeza é a plenitude,
que jamais ilude,
e penetrante,
nos arremessa ao encontro do todo...
O todo que é puro,
pois que se abluiu,
em águas cristalinas e navegáveis,
dos rios, mares,
nos quais banhamo-nos...
Nos quais nus, amamo-nos...

Num olhar...
Almenaras argentadas,
fazem-se sinais de nossas estradas,
e almas antes confinadas,
são instadas a nos acompanhar,
para brindar,
no relance do momento eterno,
o altívolo prazer que rompe os ares,
afastando azares,
e que ao despertar amares,
conceder-nos-á por certo,
o momento liberto,
no qual de forma igual,
certamente nos desnudará,
de todos os nossos artifícios,
delegando-nos o sagrado ofício,
de sempre sermos um do outro...
Totalmente juntos, mas conscientemente soltos,
a descobrirmos em cada verdade,
que o que se descortina,
são várias sinas,
que se tornam unas,
a partir do momento em que descobrimos,
que amalgamados abrimos,
a caixa que encerra a verdade do tempo...
Que absolutamente não nos envelhecerá.
Que trar-nos-á não o recrudescimento,
mas sim o infinito rejuvenescimento,
do que solidificamos...

O bem-querer para o qual nos prometemos,
mesmo inseridos por vezes em indefinidos,
percursos, onde oratórias, ou pseudo-saberes,
tentaram em vão fazer-nos desistir.
instando-nos a não prosseguir...

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