quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vidas Sem Rumo

Era um sábado de sol e uma família aproveitava o início do verão para fazer um passeio diferente.



Informados de que uma ilha, situada à meia hora de barco do litoral, era um lugar agradável e belo, não hesitaram.



O pai comprou as passagens de barco, a mãe arrumou as crianças e chamou a vovó para compartilhar do passeio.



Nas mãos uma mochila com alguns apetrechos de praia para garantir um dia tranqüilo.



E só.



Não se informaram sobre o que realmente encontrariam, nem sobre o que deveriam levar para passar o dia.



Não se inteiraram também sobre o que havia para ser visto e se tinha algum tipo de guia no local para facilitar-lhes a empreitada.



Quando desembarcaram não atentaram para os demais passageiros, para onde iriam, ou que rumo tomariam.



Discutiam entre si para decidir o que fariam e, por fim, acabaram tomando uma trilha, dentre as muitas que havia, e caminharam muito, sem saber sequer para onde se dirigiam.



Passaram por pequeninas vilas, cruzaram riachos e pontes, até alcançar uma praia pequena, sem movimento e sem grandes atrativos.



Os mosquitos e o sol inclemente tornaram o passeio ainda mais difícil.



A ausência de um local apropriado para o almoço, para um descanso, também foi motivo de discussão entre os membros da família.



Horas depois de terem desembarcado, o único desejo de todos era retornar ao barco e voltar o mais rápido possível para casa.



Não conseguiam conceber como alguém poderia ter, em sã consciência, recomendado um programa como aquele.



Quando, enfim, conseguiram encontrar o caminho de volta e localizaram o trapiche onde haviam desembarcado, puderam sentar-se à sombra e comprar água fresca para beber.



Todos cansados e irritados, começaram a perceber as pessoas em volta e notaram os comentários que faziam a respeito da ilha.



Uns falavam ter adorado a vista do morro onde ficava o farol.



Mas, de que farol falavam?



Outros diziam que a fortaleza construída há mais de duzentos anos era um espetáculo à parte.



Fortaleza? Onde fortaleza?



Falavam também de praias de águas mansas e transparentes onde as crianças podiam brincar sossegadas.



Onde, afinal, ficavam tais praias?



Quando a família se alojou no barco que a levaria de volta ao continente, pai, mãe, avó e filhos se entreolharam e se deram conta de que haviam desperdiçado o dia.



Perceberam que por falta de planejamento, de diálogo e de cuidado, deixaram de conhecer as belezas daquele lugar, e que haviam sofrido desnecessariamente.



Esboçaram um sorriso sem graça e voltaram para casa em silêncio, pensativos e desapontados.



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Muitos também passamos pela vida assim.



Vivemos por viver, sem saber ao certo o que fazer dessa oportunidade abençoada.



Não planejamos nossas condutas e repetimos mil vezes os mesmo erros, insistindo em antigos vícios.



Não sabemos o que queremos alcançar, quem queremos ser, e assim desperdiçamos horas, dias, anos...



Desperdiçamos a vida.



Quem não sabe aonde pretende ir não chega a lugar algum.



Corre o risco de andar em círculos ou, ainda, de acabar sofrendo riscos e dores desnecessárias.



Planejemos, no presente, o nosso futuro.



Tracemos rumos seguros para nossa vida.

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