sexta-feira, 1 de junho de 2007

Eco sem saída

Paredes desconsoladas no subúrbio dos ab-rogados,
onde nem o amanhecer nasce limpo, tamanha a navalha
da noite fazendo a sangria nos invernos e nas mortalhas;
nada mais aquece o frio da alma no corpo por ele alugado.



Suplicantes dos dias sempre iguais, e o temor na face caída,
vai traindo o semblante no soluço bebendo o fel da agonia
no imenso coral de vozes atônitas doando carestia;
pobre inanição, tão humilde grito é o triste eco sem saída!



Em alguma esquina, um poste ampara o jovem morto da hora,
e o prato vazio completa à parca refeição vespertina,
comendo a boca, daquela carne, rês de carnificina,
iludindo a entranha da fome que pede algo mais e chora.



Mais um filho e outro neto e mais um feto ao incesto do destino,
fato comum, narrado entre o gole e a ignorância da cachaça,
a estupidez escarra às façanhas nas imundas calçadas,
e o brasileiro, verde impune, assovia um hino aos assassinos...

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