quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O DESCANSO DO POETA

Ao fim de mais de dois anos a escrever
ininterruptamente, eis que a inspiração pede
meças à musa e baixinho lhe pergunta senão
está na altura de fazer um interregno e
dar um pouco de descanso à minha mente.

Sei de minhas obrigações por aqueles que não
têm voz, pelos ensinamentos perante as injustiças
de que tudo o que reluz não é ouro,
mostrando novos caminhos, dando esperança
e poder de afirmação, mas neste momento estou
cansado demais para ser de alguma valia, então que
faço eu aqui quando todos os pássaros já
partiram neste Outono tardio.

No entanto regressarei em breve quando o
fluxo e refluxo das marés chamarem por mim e sentir
de novo nos meus olhos os olhos de uma criança
pedindo que a acompanhem no derradeiro minuto,
pois que morre por inanição e não entende
porque não lhe saciam os homens
a fome que lhe corrói as entranhas por entre o
ajuntamento que faz roda na aldeia.

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