terça-feira, 24 de novembro de 2009

Meu reino

Havia um lugar azul, um certo lugar de sol,
meu corpo dormira por anos seguidos,
perdi algum ouro, algum sal,
deveria aprender a esquecer a dor, o desprezo,
até que desenhei uma imagem na areia.


Voltei a ser rei de um reino sem coroa,
existia somente um tesouro no meu cofre,
letras maiúsculas assentadas em sentimentos,
junto, virgulas e traços sinalizando os caminhos,
tal qual um começo de vida, um nascimento.


Minhas terras tinham um rio bravo como divisão,
uma ilha de terra negra, símbolo do nada,
as águas a empurravam leito abaixo,
até um dia de manhã quando desapareceu na curva,
começa um sonho, um grito é ouvido no centro da terra.


Voltei àquele pedaço de areia que havia desenhado,
a imagem já não existia, os riscos pularam do céu,
era a imagem da mulher mais linda do mundo,
seus traços eram firmes, suas mãos delicadas,
com olhos de amor penetrou meus pensamentos.


Caminhei alguns quilômetros tentando entender,
pensei estar louco, mas existia um corpo de carne,
não a toquei, mas estava lá, olhando meus olhos,
não, só poderia estar sonhando, mas acordado, não,
ela está ali, não muito distante do meu corpo pecador.


Voltei meu rosto, mudei a direção e segui a trilha,
quanto mais viajava, a sentia mais próxima,
caminhei cada vez mais devagar, mais e mais,
ela chegou tão perto que ouvia as batidas do coração,
minha pele estava suada, meus pés já fixos no chão.


Como explicar em meu reino tal loucura,
era tudo novo, tudo inusitado para um simples rei.
Minha corte, meu corpo, sou rei, rei de um único súdito,
mas havia uma certa revolta em meu reinado,
um certo coração mandou um recado malcriado.


Repeti vezes, gritei, para que parasse seu sonho,
mas o tal coração implorava, chegou a agredir o peito,
logo vieram os pensamentos querendo liberdade,
era uma revolução, um aperto começou a incomodar,
desordenado fiz meu caminho de volta a paixão.


Às vezes sussurro meus medos, depois o silêncio,
de repente surge a minha frente aquela imagem,
a mulher mais linda que já conheci, uma deusa,
seus braços me convidavam a um abraço,
a boca sedenta por meu beijo, nos olhos, o brilho.


Caminhei devagar contra a luz que cegava,
sua silhueta se aproximava rapidamente,
andei mais devagar esperando sua reação, um passo,
dois, três, e de repente uma luz se acende na alma,
tomei seu corpo, sua boca e caminhei até seu reino.

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