quinta-feira, 23 de abril de 2009

OS CUSTOS DE SER DIFERENTE

Por entre o bulício, da cidade grande,
caminhando e tropeçando,
no aglomerado de pessoas
(olhos postos no nada),
deixo minhas desculpas,
pelo desastroso comportamento.


Das poucas pessoas, que me respondem,
reparo assustado e sem palavras,
que todas elas usam máscara,
no lugar de seus rostos,
quais figuras surrealistas e estáticas,
a tudo e a todos, parecendo escarnecer.


Correndo para um espelho e tocando
cada traço de minha cara,
reparo que tudo se mantém normal,
com minha fisionomia.
Duas crianças, segurando balões, olham-me
desconfiadas, expondo suas orelhas de coelho.


E saindo dali, apressadamente, desta, que é uma
alucinação em massa, para onde quer que me volte,
consigo ver, pela primeira vez, a verdadeira face,
das pessoas, em toda a sua intimidade e
verdadeira essência. Algo que eu já não soubesse,
acontecer, em sociedades totalmente vulgarizadas.


Por entre sorrisos, zombaria e menosprezo,
completamente cercado e assediado, por gente,
não me reconhecendo, como um deles, tão
pouco admitindo minha afronta frontal, sou
largado ao acaso, no meio da sujidade, de uma
lixeira, entre cães desesperadamente famintos.

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