Molhei meus lábios na polpa espessa dos seus
e com uma taça borbulhante de champanhe
que você me ofereceu, me esvaí da realidade...
Percorri estradas sinuosas e desertas
numa procura interminável do meu interior...
Desci ao precipício do sofrimento carnal...
Subi escadas estreitas e íngremes
com o colo ofegante e flamejante de suor.
Ao chegar ao cume,
um vulto grandioso enlaçou-me a cintura
e num rodopio estonteante,
conduziu-me num balé demoníaco e lírico.
Perdi a nitidez fulgurante da luz...
Caí num sono profundo e catártico...
Fui despertando suavemente
com os tímidos e pálidos raios de sol,
e com o sopro do vento fresco
do alvorecer outonal.
Olhei para o lado e, governante de mim, inquiri:
- O que faz você ainda aqui?
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