quarta-feira, 29 de abril de 2009

Carícias do Amanhã

Molhei meus lábios na polpa espessa dos seus

e com uma taça borbulhante de champanhe

que você me ofereceu, me esvaí da realidade...

Percorri estradas sinuosas e desertas

numa procura interminável do meu interior...

Desci ao precipício do sofrimento carnal...

Subi escadas estreitas e íngremes

com o colo ofegante e flamejante de suor.

Ao chegar ao cume,

um vulto grandioso enlaçou-me a cintura

e num rodopio estonteante,

conduziu-me num balé demoníaco e lírico.

Perdi a nitidez fulgurante da luz...

Caí num sono profundo e catártico...

Fui despertando suavemente

com os tímidos e pálidos raios de sol,

e com o sopro do vento fresco

do alvorecer outonal.

Olhei para o lado e, governante de mim, inquiri:

- O que faz você ainda aqui?

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