Silenciem-se remorsos e murmúrios de saudade,
eis que é chegada a era da felicidade.
Em lugar de masmorras, semeiem-se jardins,
e onde vicejem dores,
que ressumbrem doces perfumes de amores.
Que suaves augúrios encham o ar,
e arrepios festivos façam vibrar de alegria
almas que se tinham incapazes de amar.
Que se busquem refrigério
em frondosas sombras recortadas no caminho,
e na água fresca brotada em nascentes de fé,
até que o manto estrelado da noite se faça de novo estender,
unificando tudo e restaurando a paz.
Através do tênue fio que se insere entre o sonho e o real,
escorrem paixões, tentando embalar corações acima do bem e do mal.
Perdigueiros aboiam patos em campos de flores,
e despossuídos grafitam guernicas de bonança
em muros esburacados,
ensaiando cenários de banquetes de restos.
Pregoeiros de amanheceres felizes exercem seus misteres,
e já vai longe o barco das perdidas ilusões,
singrando águas calmas em rios de recordações.
Imperioso manter-se em jornada,
a sós ou de mãos dadas,
eis que os riscos se esvaem em desvãos da caminhada,
e já vem perto a hora da chegada.
Um frêmito de realidade faz estancar quixotescos moinhos de vento,
ao olhar aturdido de patifes e heróis.
Árias de regozijo, fazem bailar maledicências e bondades,
feito sonhos transmudados em folhas,
sopradas num mesmo e delicado dançar.
Das entranhas da Terra, do fogo, do ar e das águas do mar,
emergem tempos de verdades,
desfazendo grilhões que aprisionavam irremediáveis vontades.
É chegada, enfim, a doce e ansiada era do amor.
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