domingo, 21 de novembro de 2010

EM SONHOS TE RECRIEI

Passeio meu olhar vagamente pela paisagem,
as árvores estão vergadas por força do vento,
percorre o rio embriagado até às comportas,
imagino-te a meu lado sorrindo e ganho alento.

Damos as mãos vendo o desfolhar das flores,
hortênsias adormecidas no teu cabelo ao ar,
águas límpidas caem serenas dos teus olhos,
olhamos o céu vagarosamente a se recriar.

O vento passa para uma suave brisa acolhedora,
em ascensão o sol vai-se libertando das nuvens,
e embevecidos vemos casais de pardais, num
vai e vem constante, e, dos pintos, as penugens.

Permitimo-nos um beijo sem constrangimentos,
vento brando corando os nossos rostos febris,
passa o tempo sem demora, perde-se o olhar
na tarde que cai, ajeitando teu vestido cor de anis.

O sonho se desfaz por entre os campos vermelhos
e amarelos; partimos etéreos para a vacuidade,
levando na palma de nossas mãos de ambos o calor,
serão estes versos dispersos a nossa única verdade?

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