sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CANTO DE PRIMAVERA

Passeio o meu outono
na primavera de tua vida,
sensível às nuanças de cheiros,
claridades, cores e sabores,
a ressumbrar das flores
que enfeitam teu viver.


Inspiro cheiro de rosas,
gerânios, flores-do-campo,
de açucenas e de lírios,
entregando-me ao delírio,
ao recolher restos
desabados no chão,
para tornar perfumados
passados amores,
de idos caminhos percorridos,
em felicidade, carinho e alegria,
e em miríades bem formosas.


Recolho pétalas de lembrança,
despencadas ao chão,
inertes fragmentos de flores,
relembranças de
idealizados amores,
irrealizados ramalhetes,
umedecidos em
furtivas lágrimas de emoção,
feito pedaços liquefeitos,
brotados em fonte
de inexprimível paixão.


Passeio o meu outono
através da tua primavera,
renovando-me também,
qual fênix sem vida,
morta e outra vez renascida,
infensa aos espinhos,
de dores e desatinos,
entregue tão só
a relembranças
do que restou.


Entre o meu outono
e a tua primavera,
glacial e quase-eterno,
insinuou-se o intruso inverno,
mas ainda há canteiros semeados,
também mortos e outra vez revividos,
para enfeitar de luz,
cheiros, flores, cores e ternos amores
o meu coração.

Sem comentários: