Meus versos, sem terem porque haver,
ou existir, são apenas o tudo, que é nada,
ridícula comicidade, um espelho
oblíquo, onde não entra sequer a luz,
para não ferir, a excelsa paisagem.
Poetastro da mentira e da ilusão, finjo-me
poeta, aos olhos dos outros,
porque tudo, mas tudo, aquilo que escrevo,
é o irrisório, de minha própria personalidade.
Um autêntico momo, de mãos dadas com
a farsa.
Que faz da poesia, seu modo mais egoísta,
de viver a sua «não vida».
Nada sou. Nada serei. Uma aberração, que
nunca devia ter saído, do lugar que lhe mereceu.
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