quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

HERANÇA TRÁGICA

Crianças enlouquecidas, na sua própria
loucura, há muito perderam o sentido do
lógico e do básico, abandonadas à sua
sorte, por pais viciados, deixando-as ao
revés, de um mundo em degradação,
onde apenas, as mais fortes, hão-de vingar.


Afecto não vem, que, a atenção, está
arredia, de seus pequenos corpos.
Então o mais certo, é que venham a seguir,
os passos degradantes, de uma vida, que,
desde tenra idade, se habituaram a ver e
a ter de conviver.


No cimo de uma enorme pedra, reivindicam
seu poder, junto das outras crianças, com
seringas nos bolsos, roubadas aos pais, seu
ceptro, enquanto reis do sítio, a meio do
lixo e da sujidade, olhar maquiavélico e frio.


E em chegando a noite, quais lobos esfaimados,
chamam-se umas às outras, por sinais, só a
elas reconhecidas. E, como que, qualquer
animal, procuram na noite, entre lixeiras, o
que comer ou vender, uivando alienadas, ante
a ameaça da lua, que lhes faz perder a razão,
num autêntico sindroma traumático.


Dia e noite, sempre o mesmo quadro. Por
onde quer que passem, traços, que não se
olvidam, fá-las ver, pais e mães, numa
absoluta miséria, já sem qualquer ligação,
com a realidade, não mais as reconhecendo.


Saindo dali em passo apressado, acharam
chegado o dia, e, pela muita aprendizagem
recolhida, souberam exactamente, o que
fazer, iniciando-se, também elas, no vício.


Finalmente tinham descoberto, o porquê,
de sua existência, cerrando fileiras, a
influências, dos que ajudar quiseram, tomando-os
como meros estranhos, a seu mundo, quem
sabe sem volta, mas unidas, por uma só
e trágica amizade, de laços inquebrantáveis.

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