domingo, 5 de dezembro de 2010

Anatomia da Dor

Carrego a solidão do mundo,
na alma suja e empoeirada...
Choro lágrimas carbonizadas
pela fria anatomia da dor.


Trago, no rosto, a flor do desgosto
das verdes primaveras perdidas...
Nas suntuosas curvas do tempo,
escondo as chagas do sofrimento.


Guardo, na boca cor de carmim,
o hipócrito sorriso de marfim,
que morre aqui dentro de mim,
sem sentir o sabor da alegria.


Sinto a tristeza do pobre menino,
que segue pelas ruas sorrindo,
anestesiado de fome, cheira cola
brincando e fingindo que é feliz...


Sofro com a ausência de sonhos
desses pobres seres vagabundos
que, pelas esquinas do mundo,
buscam o agasalho do manto do amor.

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