quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A dor

Já arquivei muitas.
Uma vez por outra, desarquivo uma.
Algumas permanecem arquivadas
exclusivamente porque já foram dores e, dores são dores,
tenho-lhes o devido respeito.
Tenho algumas que nem toco,
tenho pavor de estragá-las.
Deixo-as como estavam no dia em que as arquivei, intactas.
Tenho muitas dores arruaceiras, escandalosas,
dessas que a gente morre de vergonha quando
aparecem.
Mas é evidente que tenho outras,
completamente diferentes, caladas.
Dessas não gosto.
Algumas são delicadíssimas,
a dor do primeiro amor desfeito, é um bom exemplo.
Tenho uma dor bem interessante,
eu diria até que, inusitada, uma dor desafinada.
Ora, por que a surpresa?
Paixão solitária dá nisso, impossível harmonizar...
Sem qualquer constrangimento, confesso: tenho uma dor...brega.
Isso mesmo. E quem não tem pelo menos uma?
A minha dor de cotovelo está na terceira gaveta,
já esteve mais acessível mas ainda está lá.
É bem grande esse meu arquivo.
Tenho até dor em ordem alfabética.
É um arquivo, organizado.
Quer dizer, mais ou menos.
É que tenho uma dor instável.
Já tentei fazê-la desaparecer, mas é voluntariosa, tem vida própria.
Uma vez rasguei-a em pedacinhos, adiantou? Não!
Mal abri a primeira gaveta, lá estava ela, multiplicada.
Arquiva-se e desarquiva-se,
como e quando quer,e mais, mistura-se com as outras.
Apareceu de tanto eu abrir e fechar a gaveta.
Difícil lidar com ela.
Desisti.
No entanto, e como hoje é quarta-feira e o fim de semana se aproxima...
não esqueçam...
tomem alguns analgésicos para as dores e...

FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES !

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