domingo, 5 de dezembro de 2010

A Caminho do Céu

Homem rude, alma calejada de fome,
mãos vazias... sua bagagem é só um nome,
solidão no viver, solidão no sofrimento,
pele envelhecida... voz de quase lamento.



Tiras de couro nos pés doídos
arrastam trapos empoeirados, andar contido,
olhos embaçados pela falta do verde,
garganta dormente ferida pela sede.



O sul é seu destino,
já era seu desejo desde menino,
mas foi ficando: "Até quando Deus quiser!..."
viu morrerem os filhos e a mulher.



O que espera encontrar, não sabe...
Só sabe que vai em frente, adiante...
No coração, a esperança que a dor acabe,
nos braços, a força de todo retirante.



Provavelmente achará mais um deserto,
fará seu teto a céu aberto,
na cidade grande ele será mais só
do que se ficasse comendo pó.

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