terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Presépio Vivo

Nos recantos pobres de minha cidade,
Num quadro às avessas da arte das vitrinas,
Encontramos lá presépios de verdade,
Debaixo de uma ponte ou num prédio em ruínas.

Enquanto nas lojas em exposição,
Toda a opulência desfigura Belém,
Lá, sob a luz de velas ou de lampião,
Uma "Maria" pare seu filho também.

Em vez de arte e de tanta luz fluorescente,
Atrativos do comércio natalino,
Na pobreza chega mais um inocente,
Uma indigente ganha mais um menino.

Sempre tem um Papai Noel em cada esquina
E nele se fixa todo um horizonte...
Total alvoroço diante da vitrina,
Ninguém vê o que ocorre debaixo da ponte.

Nem o choro agudo do recém-nascido,
Que chega do subterrâneo miserável,
Atrai até o presépio vivo, escondido,
Alguém da vã sociedade responsável.

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