quinta-feira, 21 de outubro de 2010

UMA DECISÃO FELIZ

Por vezes numa viagem de trem, podem se travar novos conhecimentos,
modificando uma vida.
Por uma dessas coincidencias da vida, Gerusa e Geronimo,
estavam sentados no mesmo banco em uma longa viagem de trem,
e começaram a conversar.
Após uma apresentação formal, acharam divertido que seus nomes,
escritos nos documentos com a letra "G", normalmente o são com a letra "J".
O fato facilitou a amizade, e Gerusa disse estar apaixonada,
apesar de já ser mulher madura, e estava se sentindo como adolescente,
em dúvida se deveria levar adiante esse amor, já que sua filha não estava aprovando a ideia.
Será que por amar estarei agindo como adolescente?
Geronimo sorrindo ante o inusitado do que ouvira, simplesmente disse:
- Não deixa de ser uma adolescente,
pois o amor realmente tem o condão de rejuvenescer as pessoas,
pois não existe idade para amar....
Mas fora isso, o que mais voce pensa sobre o assunto?
Gerusa retrucou: - Pelo que pensa a juventude sobre o assunto,
conforme disse minha filha, apaixonar-se
é proprio da juventude, e daí,
fiquei com a impressão de que amar alguém é sinal de imaturidade emocional.
Geronimo, interessando-se pelo assunto, disse:
- Na verdade, amar não é coisa apenas de jovens,
não pode ser considerado imaturo, mas apaixonar-se talvez o seja,
embora parecer adolescente, não quer dizer imaturidade...
É preciso igualmente considerar que hoje em dia existem adolescentes
já com as idéias bem maduras...
- Será que idade quer dizer perda de entusiasmo? Acrescentou Gerusa...
Mas não concordo com isso...
- Nem eu,. acrescentou Geronimo...
Acho que apenas a morte em vida pode causar uma perda de entusiasmo,
como alguém que se acha velho, por exemplo...
Sempre temos que amar a vida, e amar na vida.
- Apaixonada sempre fui e sempre serei, afirmou Gerusa, dizendo ainda mais:
-Sou apaixonada por tudo o que mexe com minha alma, seja uma pessoa,
um texto, uma imagem, uma música.
Falar em música então, é algo que acende minha sensibilidade...
- Entendo essa sua paixão...
Eu amo a Natureza, amo a vida, e amo a poesia,
e claro, amo profundamente a Deus e
acho que viver apaixonadamente e assim entregar-se à Vida
é o que nos impulsiona para diante, nos faz viver melhor,
nos traz a felicidade, disse Geronimo pensativamente.
Gerusa corroborou, afirmando que:
- Viver é ter um objetivo, algo que nos faça ver o sentido da vida,
e faça nossa vida ter sentido, pois para viver bem, precisamos sentir prazer em viver...
E para sentir prazer, temos que ter aquela meta definida, e ir atrás,
e atualmente é esse amor que me impulsiona para diante.
Olhe, agradeço voce estar me dando essa atenção toda,
por ser alguem que não me conhece, mas está me ajudando a clarear as ideias.
- Gosto de conhecer lugares novos.
Gosto de conhecer pessoas e encontrar nelas afinidades que me completam,
disse Geronimo sorrindo, e completou:- Isso é gostar da vida como ela é,
com todos seus encontros e desencontros.
Certo que nem sempre encontramos companhias agradáveis,
mas devemos estar preparados para tudo, para todo e qualquer tipo de encontro...
Ter o espírito pronto para escutar desabafos, para trocar ideias.
- Também penso assim, disse Gerusa,
e se sou contemplada com um encontro ainda que casual,
com quem posso conversar descontraidamente, sinto-me privilegiada e muito,
mas muito mais confiante em viver o amor
com que fui contemplada nesta altura da vida.
- Sente-se viva enfim... E é essa a sensação que nos faz sentir o prazer de estar vivendo,
disse simplesmente Geronimo...
- Se por amar, pareço uma adolescente, apenas afirmo que não o o sou,
e nem ajo como, apenas pareço, pelo brilho do meu olhar,
como voce tão bem notou.
Bem meu novo velho amigo, estamos chegando,
e gostaria de ter seu endereço para mandar um convite para meu casamento,
pois hoje voce me ajudou a decidir...
- Feliz daquele que, na idade madura, consegue sentir a alma jovem...
Com certeza amiga Gerusa com "G".
Terei o máximo prazer em comparecer a seu casamento,
e ganhei meu dia, se realmente lhe ajudei a tomar essa decisão.
E trocando um abraço e um aperto de mãos,
despediram-se como velhos amigos que talvez realmente o fossem...

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