segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Do amor que te ama

Preciso hoje sentir sua pele,
o cheiro do corpo.
Assim te amo, absoluto, puro às vezes,
como a água na profundeza da terra,
igual ao saber de um profeta antigo.


Preciso hoje, sonhar mais cedo,
rever nas lembranças tudo que vivemos até aqui,
descrever em mim a paixão que aparece,
como uma planta que brota na areia
ou a chama da vela que aumenta lentamente.


Preciso da luz que em seus olhos brilham,
para iluminar o caminho que minha alma segue,
do gosto úmido do beijo,
do sonho que desejo um dia a dois,
não apenas porque amo, mas por te amar.


Preciso naquele horizonte que não se vê o fim,
o frio do inverno e a quentura do sexo,
a voz sem conseguir segurar o grito de gozo,
o navegar suave sobre seu corpo molhado do meu,
como se faz em ondas grandes furando no meio.


Preciso não esquecer que te preciso,
nos momentos um pouco tristes, nos alegres,
na fadiga rotina do meu dia, na noite,
à tarde quando meus olhos já cansados de ler
aquelas suas antigas cartas que guardei comigo.


Preciso do crepúsculo, não para apagar a felicidade,
mas para saber o quão me faz feliz, sou feliz,
e saber, que à noite vou até onde está,
ouvir sua voz cantar o amor, bem antes,
muito antes da maçaneta da porta girar.


Preciso das estrelas, da lua, se pudesse mais luas,
de todo o sol para que a pele queime e lembrar a sua,
dos olhos abertos à procura dos seus,
como nas madrugadas que admiro seu sono quase profundo,
assim preciso, do amor que me tens, do amor que te ama.

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