quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O TRIVIAL

Um dia de sol,

entre tantos nebulosos...

Suspirei feliz, sorri...

Após o café, tentei fazer um rol

das tarefas de meu dia...

Meus netinhos, chorosos,

chamaram minha atenção:

larguei caneta e papel, desisti...

queria vê-los em alegria!...

Minha casa em obras,

o pedreiro aproveitando as sobras

como aterro... Oh, que grande confusão!...



Driblando o carrinho de mão,

carrego caixas e vassouras,

vou cansando o coração...

Pareço mulheres mouras,

pois minha pele clara

tornou-se uma tez morena

sob a nuvem de pó,

embora pouca, avara...

Pode-se imaginar a cena?...

De hora em hora, tudo se enrosca, é nó:

apreçar ao telefone a prateleira,

não esquecer de ser também a cozinheira,

tomar um banho, almoçar...

Respirar fundo... e o céu olhar...



Tomei uma decisão:

parar tudo e me arrumar...

sair, ir ao cinema,

esquecer que preciso ser

a deusa suprema:

a que tudo tem que resolver...

Afinal, sou somente uma criatura!

Problemas?... Amanhã buscarei a solução...

Assim pensei, assim fiz:

risquei as preocupações com um pedaço de giz

e lá me fui ao Centro do Rio,

Glória, antiga Praça Paris...

Prossigo na viatura:

em Botafogo, sorrio...

salto, vou ao cine e vejo a fita...

Muito boa e me irrita

ver o cinema vazio...

É quando meu estômago grita!

Satisfaço-o, ao som de boa música ao vivo.

Volto ao lar.

O sangue quente e ativo

a correr-me nas veias...

Ponho a camisola e as meias

e cá estou, feliz, a poetar!...

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