quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mascate

Carrego minhas vidas em malas soltas,
não importa por onde ando, sol ou chuva,
nas noites vendo amor, nos dias rezo por minh'alma,
como se fosse um tanto maior que meus sonhos.


Vivo algum tempo só sobre meus pés,
meu mundo são estradas que não se cruzam,
levo minha bagagem embrulhada em lembranças
e ofereço aos passantes coisas que mascateio.


Sei o quanto dói um caminhar solitário,
as palavras se misturam nas bocas desconhecidas,
nos bolsos retratos velhos de outros personagens,
nas vontades um desejo louco de felicidade.


Ofereço um passado usado, vendo barato,
deixo as saudades, um céu que não existiu,
algumas flores murchas que eram para oferecer,
uma paixão louca que me faz doer até a alma.


Sou mascate de sentimentos que não deram certo,
de vidas por viver, de gostos por gostar,
de tempos presos as palavras e promessas ruins,
realidade que ninguém jamais compra no varejo.


Hoje o vendedor caminha, mas não vive sem amor,
não vende e não mais encena seus prazeres nas noites,
esqueceu alguns pedaços dos tempos que perdeu,
caminha com sua mulher, agora, mascate de único amor.

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