Quem te escreve, sou eu, que pertenço as suas entranhas
e caminho na sua imaginação, em silêncio profundo, sem medo.
Eu que te pertenço , sem você saber e sei que me ignoras
no seu pensamento, querendo não me pertencer.
Sou a sombra tardia dos seus pensamentos mais remotos
e das suas agonias, mais profundas, onde me deleito a espreitar.
Minhas mãos segura seu coração latente e vibra a cada
emoção vivida, apertando-o serenamente, calmamente.
Me perco nos seus passos largos a caminho de uma esperança
e me refaço, rindo da lentidão da sua volta derrotada.
Me pego olhando seu rosto, ora sorrindo, ora séria e
sinto seu hálito invadir o meu, atordoada, perdida.
Não, não pense em me arrancar de dentro de você,
pois arrancarás sua alma e cairás, sem sentidos.
Assim, porém, me encontrarás e então verás que sou
você mesmo, um pequeno enigma dos seus sonhos.
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