sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ERA UMA CASCATA

Como cascatas livres, assim teus cabelos,
desaguando na púbis, que se esconde, por
entre as águas rebeldes, descendo as
montanhas, desde a sua nascente, até ao
mais interior de ti: flor crescente, de teu ser.

Afloram tuas coxas, abrindo círculos na água.
E, banhando-te, nas águas límpidas, num
abraço, tapas teus seios desnudos, e, limbos,
prendem-se à tua pele, para, gradualmente,
irem caindo, mostrando a beleza de teu corpo.

Dizes-me para entrar, esquecendo pudores,
persistentemente fixos na memória. Para jogar
tudo fora, e, despindo-me, entrar no lago,
e juntos desfrutarmos, do melhor que a natureza
tem para oferecer, sem regatear nada em troca.

Convencido, ainda, que um pouco hesitante,
livro-me das roupas incómodas, jogando-as nos
arbustos. Está sol mas as águas estão geladas, e,
meu primeiro impulso é sair, até que me chamas,
para junto de ti, pedindo-me que te ajude a lavar.

Depressa me acostumo à friagem, e, em uníssono,
lavamo-nos um ao outro, num erotismo, que não
se esconde, pois tudo o que é natural é belo e
deixamos correr, em toda a sua simplicidade, o nosso
grande amor, que as águas acolhem, com agrado.

Por fim saindo e deixando para trás a cascata,
colhendo nossas roupas, aqui e ali, entre medronhos,
vestimo-nos, como dois seres purificados. E, escutando
o cântico das águas, damos nossas mãos, vagarosamente,
a meio à paisagem, descendo então, íngreme montanha.

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