domingo, 29 de junho de 2008

Tenho Medo

Tenho medo de não ter medo,

E avançar o mundo das misérias,

Me perder na fila da fome,

E sem medo de desvendar segredos;

Ser condenada ao degredo,

Exilada na palavra,

Caminhar sobre brasas acesas,

Ser depósito de esperanças cegas;

A nadar de peito aberto, sem nunca espraiar





Tenho medo de ter medo,

E não denunciar a violência que campeia,

Pactuar com a demência que me rodeia,

Ser um verbo mudo;

Um folhetim barato, anônimo,

Sem nome e sem pseudônimo;

Me ver confundida na multidão calada;

Genuflexa e mãos atadas

Olhando para o nada.



Tenho medo da omissão,

De não ser ponto de referência,

De perder a paciência,

De me ausentar da obrigação;

Fazer pouco caso da minha razão

Me alienar da verdade,

E prostrada na ansiedade

Perder minha identidade

Sem comentários: