sexta-feira, 27 de junho de 2008

FALTA DE INSPIRAÇÃO

Dizer-vos que hoje estou sem inspiração;
nada me ocorre, foi-se o pensamento.


E ainda que apele ao fértil coração,
em silêncio se mantém, o meu alimento.


Acho até que é uma falta de respeito,
estar a escrever sem saber de régia regra.


Dói-me tudo, sobretudo o peito,
que morto se parece e a tudo se nega.


E se eu escrevesse algo sobre o amor,
os sentidos se apurariam? O aparo consentiria?


Nada… nem isso! Mas não custa supor,
que a palavra, seu rumo escorreito seguiria.


E esta falta de atinação, que me deixa disperso,
deixa-me assim, à deriva: e eu vou com ela.


Então para não vos saturar, com o pérfido verso,
deixo-vos em paz… que me dirá das ruas, a janela?

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