Oh! Meu Jesus muito amado!
Se tiveres um tempo disponível,
ouça a voz do meu coração,
que vem a ti e implora
o bálsamo da cicatrização
de uma ferida que não sara
e sangra a cada vez
que o passado me assalta,
com um filme reprisado,
de preciosos e maus momentos,
que me levam às lágrimas.
Por tantos anos a fio
cultivei uma flor muito preciosa.
Chegou a chuva, sacudiu a terra,
e a flor deixou-se morrer à míngua.
Sim, meu Pai errei muito,
tanto que nem fui capaz de impedir
que ele partisse há exatos dois anos,
para nunca mais voltar
e nem querer me ver.
Sei que em tempo algum
haverá o retorno,
pois que almas e corações em paralelos
não mais se buscam, e mesmo procuram se evitar.
Sei que as águas do rio correm para o oceano,
sem jamais retornar.
Olho a foto dele,
dos nossos momentos felizes
em que enamorados, caminhávamos juntos.
Veio o flagelo da fome e do frio e as intempéries
foram fortes demais, ruindo os alicerces.
O palácio de cristal
quebrou-se em mil pedaçinhos
que espalhados ao chão, o vento levou.
Num outono amarelecido de saudades,
não haverá cola que conserte os estragos.
Assim meu Jesus, meu mais querido amigo
verte no vinho da consolação, as minhas lágrimas.
Que de salgadas se tornem tão doces,
quanto a esperança que acalenta
o meu desejado sentir.
Rompe em mim
os vínculos de quase quarenta anos,
de um conviver entre altos e baixos, porém unidos.
Não te peço que reconstituas a edificação fragmentada,
mas que me concedas o benéfico esquecimento,
a necessária renovação dos sentimentos,
para que eu possa estar inteira
para compartilhar
um novo afeto
com amor,
alegria
e paz.
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