A lembrança era daquelas que estavam nos porões, guardadas em caixas de papelão, dentro de envelopes sem nome, dobradas tantas vezes que ao se abrirem os sulcos das dobras atrapalhavam a leitura.
Mesmo assim, lá estava! Decifrável e doída.
Por que tinha de descobri-la logo hoje que amanhecera em sol glorioso, pronta para cantares debaixo de chuveiro e cafés na varanda? Logo hoje que se enfeitara em vestidos rodados prontos para dança com pés descalços?
Agora sabia que o resto do dia seria assim, sem nexo, nostálgico porque de lembranças pintado, apenas um prolongamento de agonias e suspiros entremeados com boca seca.
Apenas mais um dia em que seria impossível viver do presente. Mais um dia em que seria impossível desfazer o nó da garganta...
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