sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Esperança

É da secura da terra e da inclemência do sol
Que brotam miríades de miragens acordando
Ressequidas esperanças para a transformação
Medrar n'alma sertaneja o fulgurante arrebol

Transtornado quase insano a razão incandesce
Transmuta-se vulcão cuspindo larvas luzídias
Brota-lhe do âmago cada aspiração uma prece
O esturricado some só sonha e o verde aparece

Mira e molha todo chão ó terra dura seu torrão
Amolece-o com a gota mirrada do suor que cai
Brota bendita espiga para a barriga do rebento
Aos pares esperam em casa rezando lá no fogão

Um dia chega perfumoso vento e atrás o trovão
Sopra o sal da pele as águas dos olhos esperam
Consternado pára escora na enchada e aguarda
O grito das acauãs ecoam trazendo confirmação!

Adeus os medos, a mágoa, a fome aterrorizante
Esquece na mesma hora todo travo do desespero
Mesmo na demora todas as preces são atendidas
Enche-se de riso a terra, o céu chora diamante!

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