domingo, 3 de fevereiro de 2008

A CANETA

Era uma vez uma pessoa muito organizada. Mantinha seu escritório com tudo nos lugares. Gostava de organização, de disciplina.
Fazia tudo para ter sempre à sua disposição, uma caneta na sua mesa de trabalho. Mas era muito azarado. Toda vez que precisava da caneta não a encontrava. Ela sumia.
Novamente colocava uma nova no seu devido lugar e sempre desaparecia.
Assim foi durante vários anos, muitos anos. As benditas se evaporavam.Pensou em acorrentá-la. Não resolveu...
Comprou centenas delas! Espalhou canetas pela casa toda! Nas salas, nos quartos, na cozinha, nos banheiros, junto ao computador, penduradas nas janelas e portas, espalhadas pelo chão, dependuradas no teto e nos lustres...
Eram centenas de canetas. Talvez milhares! Para qualquer lado que se olhasse via-se muitas delas! Era caneta para todo lado!
Porém, no dia seguinte, quando precisou, não havia uma só das abençoadas! Evaporaram-se como num passe de mágica!...Que fazer?!...
Adquiriu uma última e se decidiu a guardá-la no estômago. Assim, quando precisasse era só vomitá-la. E, assim fez. Engoliu a bendita!
Ficou entalado! Morreu!...
Veio a autópsia e o maldito legista apossou-se de sua última e única caneta! Retirou-a de onde nunca se pensaria que alguém a encontrasse! Nem dentro de si a desgraçada caneta estava segura!..."causa mortis": asfixia mecânica causada por uma caneta entalada!...
A alma dessa pessoa, do outro lado do mistério da vida e da morte, amaldiçoava! - Maldito senso de organização! Maldita caneta! Maldita!...

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